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Capítulo Brasileiro da Internacional Association for the Study of Pain - IASP


Epidemiologia da Dor nas Mulheres

Diferenças de gênero nas taxas de condições de dor comum na população em geral (1,2)

Os padrões de prevalência relacionados especificamente com a idade e o sexo diferem para as distintas condições de dor. Porém, as taxas de prevalência das condições de dor crônica mais comuns são mais altas entre as mulheres que entre os homens. Por exemplo, em estudos de adultos baseados na população, a proporção mulher:homem é de aproximadamente 1,5:1 em média para a dor de cabeça, pescoço, ombro, joelho e costas; de aproximadamente 2:1 para condições de dor buco-facial; e de 2,5:1 para as enxaquecas; e a proporção de gênero para a fibromialgia (uma condição menos prevalente mas geralmente, com efeitos incapacitantes) é superior a 4:1.

Ainda não se sabe com claridade se as pesquisas mostram taxas de dor mais altas nas mulheres porque as mulheres têm mais probabilidades de ter estas condições em primeiro lugar (quer dizer, maiores taxas de incidência) ou se as condições têm uma maior duração nas mulheres.

As mulheres têm mais probabilidades que os homens de experimentar dores múltiplas em forma simultânea. Ter condições de dores múltiplas está associado com níveis mais altos de incapacidade e doenças psicológicas que com o fato de ter uma única condição de dor; e ter dores múltiplas é um fator de risco para o início de novas condições de dor.

Fatores de risco para a dor relacionados com o sexo e o gênero (3,5)

O hormônio reprodutor feminino, o estrogênio, claramente desempenha um papel em algumas condições de dor (por ex., enxaqueca, dor associada com o transtorno temporomandibular). No caso de outras condições de dor, a evidência de compromisso hormonal é menos clara. Porém, as taxas de muitas das condições comuns de dor aumentam no caso das meninas à medida que transita na puberdade; enquanto que as taxas para os adolescentes homens são estáveis ou aumentam numa proporção menor que para as mulheres.

Os homens e as mulheres respondem de modo diferente às distintas classes de medicamentos opióides, o que sugere que o sistema opióideo endógeno pode diferir nos sexos e é possível que isto tenha uma influência nos coeficientes de dor.

As mulheres têm mais probabilidades de experimentar depressão que os homens, e a depressão parece ser um fator de risco para as condições de dor comuns; de modo similar, as mulheres experimentam mais condições físicas que os homens, e se supõe que a presença de tais co-morbidades é um fator de risco para a dor.

Epidemiologia das condições de dor específicas da mulher (6,9)

A dismenorréia (períodos menstruais dolorosos) é extremamente comum e afeta entre 40 e 90% das mulheres. Aproximadamente 15% das mulheres descrevem sua dor menstrual como insuportável. A prevalência e a gravidade da dismenorréia são maiores na última etapa da adolescência e durante a juventude.

A dor pélvica crônica (não-menstrual) pode ser provocada por condições ginecológicas (por ex., endometriose, infecção) ou condições não-ginecológicas (incluídas dor relacionada com a síndrome do intestino irritável ou com a bexiga). A partir de um importante estudo realizado nos EUA, se descobriu que a prevalência da dor pélvica crônica provocada por todas as causas era de 15% entre as mulheres em idade de conceber.

A vulvodínia é uma dor crônica na área vulvar na ausência de causas infecciosas, dermatológicas, metabólicas, auto-imunitárias ou neoplásicas conhecidas. Em um estudo realizado na comunidade, mais de 18% das mulheres informaram dor na região vulvar, das quais 12% informou dor pungente ou dor ao tato e mais de 6% informou sensações persistentes de coceira ou ardor, porém, se desconhece em que medida estas condições tiveram sua origem nas causas médicas mencionadas anteriormente.

Aproximadamente 45% das mulheres experimentam dor na zona lombar/cintura pélvica durante a gravidez. Um quarto de todas as mulheres tem dor suficientemente intensa como para requerer atenção médica. Depois do parto, aproximadamente 25% das mulheres experimentam dor na zona lombar/cintura pélvica, e aproximadamente 5% de todas as mulheres experimenta dor intensa.

A dor de parto é quase universal e se experimenta em mais de 95% dos partos.

Uso da atenção médica e incapacidade relacionados com a dor (3,6)

É mais provável que mais mulheres procurem atenção médica para a dor que os homens, o que tem como conseqüência uma alta proporção de mulheres em muitos ambientes de tratamento de dor. É possível que o fato de que as mulheres tenham uma maior taxa de procura de tratamento se deva ao fato de que geralmente a dor é mais intensa para as mulheres do que para os homens.

Não está claro se é mais provável que as mulheres ou os homens experimentem incapacidade para trabalhar associada com condições de dor; existem muitos fatores que afetam as taxas de incapacidade para trabalhar, como o tipo de trabalho e as responsabilidades familiares. Porém, quando se define a incapacidade em termos de limitações para realizar atividades da vida cotidiana, assim como ausência no trabalho, as mulheres apresentam taxas mais altas de incapacidade relacionadas com a dor.

Se bem que as taxas variam segundo populações, uma média de aproximadamente 20% das meninas informa faltar à escola devido à dismenorréia.

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